domingo, 12 de março de 2017

Resenha: Loui, o Palhaço Medonho & Outros Contos Sombrios - Leonardo Otaciano e Matheuz Silva

Título: Loui, o palhaço medonho & outros contos sombrios
Autores: Leonardo Otaciano e Matheuz Silva
Número de páginas:132
Ano: 2016
Editora: Fonzie

Sinopse: Acervo sombrio de Leonardo Otaciano e Matheuz Silva ocupado por tétricos vilões, criaturas sobrenaturais, elementos sanguinários, jovens possessos e um medonho palhaço, seres presenciados pelo leitor em âmbitos excêntricos e corriqueiros. O medo será um louvável companheiro durante as descobertas nefastas destes recontos.
O subgênero Terror sempre foi uma ramificação muito objetiva entre os leitores. Exitem os que amam e os que preferem passar longe; não existe meio termo! Mas, para os que se deliciam com esse tipo de história, só restam agradecer, pois é nítido que os grandes nomes da literatura de horror têm deixado discípulos que transportam o pavor para o papel tão bem quanto eles, e, pelo conteúdo abaixo, vocês confirmarão que Leonardo Otaciano está incluso nessa ideia.
O livro do autor, escrito com seu filho, possui personagens vindos diretamente das trevas, carregados de um prazer insano em praticar o mal, que contrastam, assustadoramente, com pacatos e singelos cenários do fim da década de 90, em sua maioria. Uma reunião de contos que descreve a persistência e a vivacidade de um ser maligno quando a porta de "boas-vindas" para a morte é simplesmente  semiaberta: o medo!

Já que Loui, o palhaço medonho é o conto que titula o livro e o mais extenso em texto, então vamos falar sobre ele. 
A história nos transporta para uma Leopoldina, Minas Gerais, de 1998 e nos conta a história de Nícolas, um adolescente que, mesmo sem entender o porquê dessa ligação, é atormentado pelo palhaço Loui desde os seus cinco anos. O garoto é dominado por medos; medo de escuro por conta da aparição do palhaço, medo de dormir por conta dos seus pesadelos, medo de morrer por conta um ataque de asma que o deixou entre a vida e a morte e, para desestabilizá-lo inteiramente, é negligenciado pelos pais. 
"Apesar de o garoto sofrer na casa de Leopoldina e o desespero estar estampado em sua cara, os seus pais não sabiam sobre Loui. Na verdade, Ângela e Diogo não sabiam nada sobre o pequeno Nícolas. (...) Os pais eram tolos e distraídos, não sabiam sequer a cor favorita do filho, ou a roupa que ele usara no último aniversário, ou as notas que tirou no bimestre escolar. Não, eles não sabiam de nada! (...)" Página 20
Mas para refugiar-se de seus tormentos, Nícolas conta com os seus amigos Phil, Arnold, Nestor e Dan, personagens singulares e muito bem construídos. 
Até que a imprevisibilidade entra em jogo com a mudança de cidade decidida pelos pais do garoto e a situação torna-se uma balança de equilíbrio entre a tristeza de deixar seus amigos e a feliz esperança de se livrar daquela casa e de Loui. 
A partir daí, tudo vira uma loucura, e uma série de assassinatos acontecem. Loui age de forma cruel e extermina todos os que são regidos pelo medo que ele causa. Um personagem perverso que dialoga com a vítima, matando-a emocionalmente, para depois acabar com a mesma. 
"Que gordo idiota, só serve pra pornôs... Que medroso! É uma bola de gordura ambulante que na verdade não serve pra nada (...) e tudo havia terminado. (...) O palhaço simplesmente o matou." Pagina 89
O livro possui uma escrita singela e muito "confortável" de se ler. Os autores descrevem tudo com muita precisão e inteligência, e isso é bom demais num livro de contos. Todas as ações carregam um suspense na medida certa; os autores vão liberando as informações com muita cautela e habilidade, e uma das mais bombásticas é a revelação da história de Loui e o motivo de tanta maldade e perseguição.  
Sem contar que o livro possui crianças e adolescentes como vítimas, e traz uma gigantesca bandeja com assuntos atuais para se discutir, como: pedofilia, pornografia, drogas, abandono, bullyings, negligência familiar e por aí vai.
"— Cara, você pode fugir — Phil disse para Nícolas na manhã do dia da mudança. — Você é bom em fugir. Foge de Loui até hoje!
— É, mas eu não posso fugir dos meus pais! — Nícolas falou pesaroso.
— Eles fugiram de você há muito tempo, cara!
" Página 23

Para finalizar, entendemos que a edição colabora muito para enriquecer a história que o autor se dedicou tanto em criar, não é mesmo? E posso afirmar que a editora Fonzie caprichou em Loui, o palhaço medonho & outros contos sombrios. Os inícios de capítulos possuem ilustrações com frases. A arte de capa é muito bem produzida. O tamanho da fonte da letra é confortável. Entre outros detalhes que fazem toda a diferença.  
Então, vale a pena ou não conhecer uma belezura dessa e tê-la na estante?
(Recomendadíssimo aos amantes de Terror e aos que pretendem iniciar nesse ramo e não sabem por onde.)


Adquira o livro diretamente com o autor na página do Facebook:
"(...) E nem pense que essas pessoas que essas pessoas que se escondem por trás das cortinas e matam por prazer serão sempre humanos assassinos. Realmente eles matam por prazer, mas o prazer não é deles, ou só deles. Diz a lenda que esses são possuídos por alguma entidade maligna que veio do fundo do abismo para espalhar sangue pela Terra." Proeminal noturno dos contos

2 comentários:

  1. Grande Patrick, agradecemos o seu carinho, apoio e sinceridade nas palavras. Como já disse, isso nos motiva demais a continuar aterrorizando os leitores com nossas histórias sombrias. Falando nelas, estamos felizes que tenhas gostado e interpretado de maneira brilhante.

    Parabéns a você e ao Corujando, que segue trazendo ótimas dicas de leitura e apoiando os nacionais.

    Abraços nossos.
    Os autores.

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    Respostas
    1. Você é um talentp da literatura contemporânea, meu amigo. Fico feliz que Matheuz tenha herdado isso de você, pois vocês fizeram um ótimo trabalho nesse livro.
      Parabéns. Contem comigo.
      Abraços. :)

      Excluir

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